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FUNDAÇÃO

A FUNDAÇÃO DO PDT É CONSIDERADA A CARTA DE LISBOA, DE 17 DE JUNHO DE 1979:

Com a iminência da assinatura da Lei da Anistia, Leonel Brizola, que após a morte de João Goulart se tornou o líder natural do trabalhismo brasileiro, convoca personalidades progressistas que se encontravam no exílio, assim como outros jovens vindos do Brasil ao "Encontro dos Trabalhistas do Brasil com Trabalhistas no Exílio" realizado na cidade de Lisboa, Portugal, para um congresso com vistas à reorganizar o movimento trabalhista no Brasil.

Deste Encontro, produziu-se a Carta de Lisboa, documento que continha as bases programáticas do partido político que Brizola pretendia reorganizar no contexto da redemocratização que se anunciava no fim da década de 1970, o Partido Trabalhista Brasileiro – PTB.

Segundo o TSE, sua fundação só ocorreu em maio de 1980 (seu registro, porém, só foi concedido em 1981).

A DISPUTA PELA LEGENDA DO PTB:

Com a Anistia Política concedida em agosto de 1979, e a volta do pluripartidarismo ao sistema eleitoral brasileiro, muitos políticos ao voltarem do exílio, tentaram recuperar os antigos partidos políticos que existiam antes do inicio da Ditadura Militar (período pré-1964).

Com a morte de João Goulart durante o período ditatorial, Leonel Brizola surge naturalmente como o principal líder do antigo PTB, e após sua chegada ao país, tenta reorganizar a legenda. Porém, é surpreendido pela ação concorrente de Ivete Vargas, sobrinha-neta de Getulio Vargas, que também reivindica para si o controle da legenda PTB.

Após disputas judiciais, o TSE decide finalmente conceder a legenda ao grupo liderado por Ivete Vargas, que agrupava políticos que não coadunavam com os ideais trabalhistas históricos do partido, sem também possuírem uma história partidária no antigo PTB. Nomes como o de Jânio Quadros (político que se elegeu Presidente da República em 1960 fazendo oposição ao PTB) e Sandra Cavalcanti (secretária de Carlos Lacerda da UDN) encontraram abrigo no “novo” PTB. Na época, acusou-se Golbery do Couto e Silva de tramar a cessão da sigla para Ivete, a fim de enfraquecer o grupo de Brizola, então um dos políticos mais populares do país, e ferrenho opositor da Ditadura.

Inconformados com tal atitude, considerando que o novo PTB não representava mais os ideais trabalhistas históricos, o grupo liderado por Leonel Brizola foi obrigado a formar um novo partido, o Partido Democrático Trabalhista. – PDT.

Um dos fatos mais marcantes da perda da legenda PTB foi a cena em que Leonel Brizola chora copiosamente e rasga um papel com a sigla PTB dizendo: “Consumou-se o esbulho”.

No dia seguinte, a foto desta cena é publicada no Jornal do Brasil ao lado do seguinte poema de Carlos Drummond de Andrade:

Vi um homem chorar porque lhe negaram o direito de usar três letras do alfabeto para fins políticos. Vi uma mulher beber champanha porque lhe deram esse direito negado ao outro. Vi um homem rasgar o papel em que estavam escritas as três letras, que ele tanto amava. Como já vi amantes rasgarem retratos de suas amadas, na impossibilidade de rasgarem as próprias amadas.

Vi homicídios que não se praticaram mas foram autênticos homicídios: o gesto no ar, sem consequência, testemunhava a intenção. Vi o poder dos dedos. Mesmo sem puxar gatilho, mesmo sem gatilho a puxar, eles consumaram a morte em pensamento.

Vi a paixão e todas as suas cores. Envolta em diferentes vestes, adornada de complementos distintos, era o mesmo núcleo desesperado, a carne viva; E vi danças festejando a derrota do adversário, e cantos e fogos. Vi o sentido ambíguo de toda festa. Há sempre uma antifesta ao lado, que não se faz sentir, e dói para dentro.

A política, vi as impurezas da política recobrindo sua pureza teórica. Ou o contrário… Se ela é jogo, como pode ser pura?… Se ela visa o bem geral, por que se nutre de combinações e até de fraude? Vi os discursos...”

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 15 de maio de 1980, Caderno B. P. 1


Fonte: Wikipédia